A desigualdade entre homens e mulheres vai demorar pelo menos 59 anos para desaparecer na América Latina, e no Brasil pode ser necessário ainda mais tempo. A estimativa é do Fórum Econômico Mundial, que publica nesta terça-feira seu “Relatório Mundial sobre a Desigualdade de Gênero 2020”. O Brasil ganhou três posições, ficando na 92ª classificação entre 153 países.
Com renda maior, homem tem IDH melhor que o de mulher
Homens brancos ganham 74% a mais que negros e 27% a mais que mulheres, diz IBGE.
Conforme o estudo, América Latina e Caribe reduziram até agora 72,1% de sua desigualdade de gênero, e nesse ritmo seriam necessários os 59 anos para se alcançar a igualdade — em comparação a bem mais na América do Norte e na Ásia-Pacífico, por exemplo.
Por sua vez, o Brasil fechou 69% de sua disparidade geral de gênero, numa ligeira melhora. Apesar disso, o Brasil tem uma das maiores diferenças de gênero na América Latina, ocupando o 22º lugar entre 25 países da região.
É muito plausível, visto o desempenho do Brasil, que o país necessite mais do que os 59 anos para eliminar a diferença de gênero”, afirma Roberto Crotti, economista principal do relatório. Crotti diz que o fórum não calculou especificamente quantos anos cada país precisa para eliminar a desigualdade de gênero, ou especificamente a desigualdade e de oportunidades.
Globalmente, o Fórum calcula, em todo caso, que a diferença de gênero em termos de política, economia, saúde e educação só será eliminada em 99,5 anos. A desigualdade econômica entre homens e mulheres poderá demorar 257 anos a desaparecer.
Embora o Brasil tenha melhorado três posições no ranking de igualdade de gênero, ainda está quase 90 posições atrás da Nicarágua (5ª posição), por exemplo.
Conforme os cálculos do Fórum, a boa noticia é que o Brasil tem hoje igualdade em termos de educação e de saúde entre homens e mulheres. Além disso, a expectativa de vida das mulheres brasileiras é de cinco anos a mais do que os homens com boa saúde.
Já a desigualdade econômica continua elevada no país, mesmo que tenha diminuído recentemente. Existe uma baixa taxa de participação feminina na força de trabalho, combinado com persistentes desigualdades salariais e de renda.
A representação política das mulheres, ou falta dela, é o maior peso no desempenho do Brasil no estudo do Fórum Econômico Mundial, ficando em 104ª posição entre os 153 examinados. Somente duas mulheres tinham posição ministerial, por exemplo.
A Islândia continua a ser o país com maior igualdade de gênero do mundo, seguida por Noruega, Finlândia, Suécia e Nicarágua.
Enquanto serão necessários 59 anos para se alcançar a igualdade de gênero na América Latina, na América do Norte (EUA e Canadá) serão necessários 151 anos. Na Europa ocidental, serão necessários 54 anos. Na Ásia-Pacífico, 163 anos.
VAI PLANETA!